sábado, 17 de dezembro de 2016

Decifrar o olhar e o silêncio - FAMÍLIA

No Evangelho deste domingo teremos José, capaz de escutar o que o anjo do Senhor lhe fala em seu coração. José não discute, não pede explicações: escuta e obedece. Escutar não é algo simples, se acreditamos tudo saber fazer, ao invés de simplesmente sentir, não escutamos verdadeiramente; escutar de verdade implica na capacidade de se colocar no lugar do outro, significa sentir e compreender o outro e saber dar dignidade ao sentimento, também àquele que é mais forte; escutar significa dar ouvidos, cabeça e coração também para a dificuldade de comunicar, pesada, embaraçosa, transmitindo àquele que nos escuta, que também a experiência e o sentimento negativo podem ser e expressar gestos, não de solidão mas de unidade.

José escuta e põe em prática aquela vontade de construção familiar que não tinha previsto, nem pensava. Tertuliano escreve que cristão não se nasce, se torna, e parafraseando esta afirmação, em relação a família, podemos dizer que a família também não se nasce, mas se constrói dia após dia, fadiga após fadigas, alegria após alegrias. 

Tornar-se família requer uma construção diária, um planejamento empenhado; neste nosso tempo difícil e complexo, que estimula desafios pedagógicos bem trabalhados, podemos sublinhar que à família resta a experiência educativa, onde se aprende a dinâmica da vida. A família é o lugar por excelência do afeto mais profundo, também o espaço onde nasce a responsabilidade no confronto do outro, a capacidade de ser presente e de viver o próprio tempo de forma coerente, dando sentido e significado a existência. 

Os caracteres deste relacionamento familiar requerem a disposição e a escuta, a capacidade de valorizar o aspecto diverso de cada um e de considerar isso positivo, a percepção e o confronto com o seu próprio limite, porque viver para o outro é considerado a condição para ser melhor consigo mesmo. Papa Francisco recorda sua preferência por uma família que experimenta uma autenticidade e capacidade de discutir, uma família em que "a capacidade abraçar-se, sustentar-se, acompanhar-se, entender o olhar e o silêncio, rir e rezar juntos" isso ajuda a "entender o que é verdadeiramente a comunicação como descoberta e construção da aproximação"
(Mensagem pela XLIX Jornada Mundial da Comunicação Social, 23 de Janeiro 2015).

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